sábado, 30 de outubro de 2010

Biblioteca viva

Relato de experiência de um a expedicionária no reino dos livros bagunçados



A cerca de dois anos, desenvolvo o projeto "Abrir as portas" na Escola Estadual Maria da Conceição Malheiro. Encarei o desafio a príncipio árduo de limpar, organizar, arrumar, pôr ordem e cobrir de cores o espaço que antes era destinado a depósito e, ocasionalmente, a sala de aula. Agora, estamos trabalhando calorosamente em nosso multicolorido sonho: balcão, televisão, computador, mesinhas, cadeiras e livros. Amém (as preces foram atendidas!). O projeto se desenvolve, nossos alunos levam livros para casa mediante a confirmação de cadastro e do olhar arguto de que vos escreve.
É claro, que nem tudo são flores, e o mundo encantado nem sempre amanhece radiante, o barulho das crianças, o calor de um ambiente sem ar condicionado no meio da Amazônia, e os livros mal arrumados, ou melhor, bagunçados, incomodam os meus sentidos. Mas tenho me confrontado solitariamente com o seguinte questionamento: a biblioteca em que trabalho não é igual às outras? As “outras” são calmas, pacatas, alheias ao mundo externo, os livros são mui bem postos nas prateleiras, e as crianças, bem as crianças não os tocam. Será que é esse o modelo que devemos seguir?  Bem, se estou seguindo um caminho avesso ao qual deveria seguir, seja nos moldes da conveniência social, perdoe-me! Simplesmente, não consigo, vejo os livros em desordem e penso: Poxa, mais uma vez, devo ajeita-los, é minha obrigação! Mas se alguém veio aqui e desordenou e sinal de que ao menos deu-se ao trabalho de tirar o livro do lugar e lê-lo, mesmo que rapidamente, e se naquele processo de escolha surgir um leitor e da leitura um aprendizado a missão no reino dos livros bagunçados estará sendo cumprida, mesmo que comprida.
Queria dizer isso, antes que alguém me criticasse por manter a desordem, a conversa, os jogos, e, até, quando as crianças querem, os vídeos do Justin Bieber. Se esses forem os meios para os livros serem lidos, eles serão utilizados sempre.  

Viva a Biblioteca Viva o/



Por Larissa Alencar

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